Quero falar a vocês sobre o pleonasmo. Outra vez? Isso já é redundância!
Claro que é! Alias, a grande qualidade do pleonasmo é ser redundante.
Como sempre erramos no obvio, obviamente há necessidade de se reafirmar o que já foi afirmado, repetindo repetidamente a mesma coisa.
Para ser gramaticalmente elegantes fugimos do que nos parece ser redundante às vezes com grande prejuízo do entendimento do texto. Tomemos como exemplo a Bíblia em Gênesis 2: 17 onde se trocou o termo “muwt”, raiz da palavra morte
por uma mais palatável, o certamente, fugindo assim do pleonasmo descrito no original como “morrendo morrerás”.
Esse ajuste tornou o texto mais elegante, porém com grande perda de seu conteúdo original, preciso, rico e contundente. Adão foi criado sem a previsão de que morreria, e lhe foi dado o alerta que se comesse do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, morrendo, morreria. Ao alterarmos o texto para “certamente morrerás”, ocorre o seguinte, aquilo que era um processo se transmudou em uma conseqüência, que como diz o conselheiro Amaro, sempre vem depois.
O morrendo morreria, sintetizava um processo iniciado no dia em que ele comesse daquele fruto, visivelmente no ato nada ocorreria, mas internamente entraria em ação o processo de corrupção biológica,com cada célula se reproduzindo de forma sempre inferior a anterior, trazendo a senilidade e a morte pela fadiga e falência dos órgãos, conforme Rm 5: 12, onde se lê que com o pecado entrou a morte no mundo.
Esse pleonasmo adverte com precisão sobre o que Deus queria dizer a Adão, o qual sendo mudado para “certamente morrerás” não só deu permissividade de ação, como mudou o resultado do pecado que culmina na volta do corpo ao pó como era, em mera conseqüência a um ato de desobediência, tirando o agravo nele contido. A eliminação do pleonasmo “certamente matou” muito do entendimento do texto original, claro, imperativo, e fatal, e superior a elegante tradução aplicada a ele.
Se você hoje receber a Cristo e permitir que tire teu pecado, vivendo viverás, para a vida eterna, mas se permanecer no erro, morrendo morrerás, certamente.